Páginas

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Artigo sobre o desumano atendimento da Farmácia do Estado do RS



Que não sirva esta façanha

Uma ímpia, porque desumana, cruel e injusta guerra é travada, diariamente, entre os

doentes do Rio Grande do Sul e o serviço da Farmácia de Medicamentos Especiais

do Estado, (Avenida Borges de Medeiros com a Riachuelo, em Porto Alegre). Faça

chuva, faça sol, a quilométrica fila se forma cedinho, desde as 7h e, sem o menor

questionamento, as pessoas vão montando um expressivo número que poderia ilustrar

uma, entre tantas estatísticas, que revelam o descompromisso com a cambaleante saúde

em nosso Estado. A torturante espera é formada por grupos diversos: os que vão retirar

o medicamento, os que estão reavaliando o pedido, os que receberão como resposta: seu

remédio está em falta, sem previsão de normalidade e os que estão com tudo em dia e

aguardam silenciosamente.

O desqualificado e não menos demorado serviço prestado pelo governo do Rio Grande do Sul

aos seus doentes não é questionado por seus milhares de usuários. Acredito que a palavra

“gratuita” acaba por calar, principalmente os idosos, bem mais fragilizados. E por falar nessa

faixa etária, convém destacar que a rotina adotada pelos servidores, não inclui o atendimento

prioritário aos nossos velhinhos. Eles permanecem ali junto aos que possuem maior resistência

física, por minutos, horas, diga-se de passagem, em pé, do lado de fora do prédio

Pois bem, sobrevivendo à fila chega-se ao tão sonhado momento de encaminharmos o pedido

e rezarmos para encontrarmos uma cadeira desocupada na minúscula sala que vem a ser o

triste cenário do segundo martírio do dia. Esta humilhante situação se arrasta há anos fazendo

da doença um fardo ainda mais pesado. Seria interessante entender que os servidores que ali

estão não são os responsáveis por este descaso, mas assimilam a incompetência do sistema

que não prioriza o ser humano.

Vem aí um novo pleito, nova disputa eleitoral e a saúde toma conta dos debates. Será que,

novos homens e mulheres continuarão com o com o velho e repugnante desrespeito pela

pessoa?

Sílvia do Canto

Jornalista, portadora de Parkinson e usuária da Farmácia de Medicamentos Especiais.

Nenhum comentário:

Postar um comentário